Apelo dos cidadãos tchecos e eslovacos para o governo brasileiro
25. 5. 2010
Připojujeme se k prohlášeni indigenního lidu Xingu a vyjadřujeme tímto nesouhlas se stavbou přehrady Belo Monte, která je ekologicky nevhodná a škodlivá Problém však není pouze ekologický, ale také kulturni a hlavně etický. Pro původní obyvatele amazonské oblasti jde o destrukci jejich přirozeného světa. Je to otázka existenční i existenciální, kulturní, ale také náboženská.
Jejich práva na vlastní zemi jsou tímto porušena, stejně jako respekt k jejich kultuře a tradici. Svými důsledky projekt přehrady znamená tragedii pro obyvatele obcí Bacajá, Mrotidjam, Kararaô, Terra-Wanga, Boa Vista Km 17, Tukamã, Kapoto, Moikarako, Aykre, Kiketrum, Potikro, Tukaia, Mentutire, Omekrankum, Cakamkubem e Pokaimone. Doufáme, že projekt bude znovu uvážen a důvody vyplývající z lidskosti, přirozeného práva a morálky uznány za rozhodující a důležitější nežli finanční zájmy.
Pripájame sa k vyhláseniu domorodého ľudu Xingu a vyjadrujeme nesúhlas so stavbou priehrady Belo Monte, ktorá je ekologicky nevyhovujúca a škodlivá. Problém však nie je len ekologický, ale aj kultúrny a predovšetkým etický. Pre pôvodných obyvateľov amazonskej oblasti znamená deštrukciu ich prirodzeného sveta. Je to otázka existenčná a existenciálna, kultúrna, ale tiež náboženská. Projekt porušuje právo na vlastnú krajinu, rovnako ako rešpekt ku kultúre a tradícii.
Dôsledky projektu priehrady sú pre obyvateľov obcí Bacajá, Mrotidjam, Kararaô, Terra-Wanga, Boa Vista, Km 17, Tukamã, Kapoto, Moikarako, Aykre, Kiketrum, Potikro, Tukaia, Mentutire, Omekrankum, Cakamkubem a Pokaimone tragické. Dúfame, že sa projekt opätovne zváži a dôvody vyplývajúce z ľudskosti, prirodzeného práva a morálky sa uznajú za rozhodujúce a za dôležitejšie, ako sú finančné záujmy.
Nós aderimos ao manifesto dos indígenas do Xingu que expressa seu desacordo à construção da barragem de Belo Monte, por ser ambientalmente impróprio e prejudicial; o problema não é só ecológico, mas também cultural e sobretudo ético. Para os habitantes originários da região pode ser a destruição de seu mundo natural, é uma questão existencial, cultural e também religiosa. Seus direitos à terra são violados por este projeto, bem como são violados o respeito pela sua cultura e tradição.
Este projeto de barragem produzirá consequências trágicas para os indigenas das aldeias Bacajá, Mrotidjam, Kararaô, Wang-Terra, Boa Vista, Km 17, Tukamã, Bonés, Moikarako, Aykre, Kiketrum, Potikro, Tukaia, Mentutire, Omekrankum, Cakamkubem e Pokaimone. Esperamos que o projeto seja reavaliado e as razões que decorrem da humanidade, a lei natural e a moral sejam reconhecidos como mais crucial e importante do que os interesses financeiros.
Za autenticitu signatářů ručí / Za autenticitu signatárov ručia:
Petr Schnur / Vladimíra Levá (CZ)
Peter Vittek / Silvia Ruppeldtová (SK)
Koordinace / Koordinácia:
Petr Schnur (Petr.Schnur@t-online.de)
Peter Vittek (petervittek@yahoo.com)
Nós, indígenas do Xingu, não queremos Belo Monte
Autor(es): Cacique Bet Kamati Kayapó, Cacique Raoni Kayapó Yakareti Juruna
Valor Econômico - 20/04/2010
Nós, indígenas do Xingu, estamos aqui brigando pelo nosso povo, pelas nossas terras, mas lutamos também pelo futuro do mundo
O presidente Lula disse na semana passada que ele se preocupa com os índios e com a Amazônia, e que não quer ONGs internacionais falando contra Belo Monte. Nós não somos ONGs internacionais.
Nós, 62 lideranças indígenas das aldeias Bacajá, Mrotidjam, Kararaô, Terra-Wanga, Boa Vista Km 17, Tukamã, Kapoto, Moikarako, Aykre, Kiketrum, Potikro, Tukaia, Mentutire, Omekrankum, Cakamkubem e Pokaimone, já sofremos muitas invasões e ameaças. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, nós índios já estávamos aqui e muitos morreram e perderam enormes territórios, perdemos muitos dos direitos que tínhamos, muitos perderam parte de suas culturas e outros povos sumiram completamente. Nosso açougue é o mato, nosso mercado é o rio. Não queremos mais que mexam nos rios do Xingu e nem ameacem mais nossas aldeias e nossas crianças, que vão crescer com nossa cultura.
Não aceitamos a hidrelétrica de Belo Monte porque entendemos que a usina só vai trazer mais destruição para nossa região. Não estamos pensando só no local onde querem construir a barragem, mas em toda a destruição que a barragem pode trazer no futuro: mais empresas, mais fazendas, mais invasões de terra, mais conflitos e mais barragem depois. Do jeito que o homem branco está fazendo, tudo será destruído muito rápido. Nós perguntamos: o que mais o governo quer? Pra que mais energia com tanta destruição?
Já fizemos muitas reuniões e grandes encontros contra Belo Monte, como em 1989 e 2008 em Altamira-PA, e em 2009 na Aldeia Piaraçu, nas quais muitas das lideranças daqui estiveram presentes. Já falamos pessoalmente para o presidente Lula que não queremos essa barragem, e ele nos prometeu que essa usina não seria enfiada goela abaixo. Já falamos também com a Eletronorte e Eletrobrás, com a Funai e com o Ibama. Já alertamos o governo que se essa barragem acontecer, vai ter guerra. O Governo não entendeu nosso recado e desafiou os povos indígenas de novo, falando que vai construir a barragem de qualquer jeito. Quando o presidente Lula fala isso, mostra que pouco está se importando com o que os povos indígenas falam, e que não conhece os nossos direitos. Um exemplo dessa falta de respeito é marcar o leilão de Belo Monte na semana dos povos indígenas.
Por isso nós, povos indígenas da região do Xingu, convidamos de novo o James Cameron e sua equipe, representantes do Movimento Xingu Vivo para Sempre (como o movimento de mulheres, ISA e CIMI, Amazon Watch e outras organizações). Queremos que nos ajudem a levar o nosso recado para o mundo inteiro e para os brasileiros, que ainda não conhecem e que não sabem o que está acontecendo no Xingu. Fizemos esse convite porque vemos que tem gente de muitos lugares do Brasil e estrangeiros que querem ajudar a proteger os povos indígenas e os territórios de nossos povos. Essas pessoas são muito bem-vindas entre nós.
Nós estamos aqui brigando pelo nosso povo, pelas nossas terras, pelas nossas florestas, pelos nossos rios, pelos nossos filhos e em honra aos nossos antepassados. Lutamos também pelo futuro do mundo, pois sabemos que essas florestas trazem benefícios não só para os índios, mas para o povo do Brasil e do mundo inteiro. Sabemos também que sem essas florestas, muitos povos irão sofrer muito mais, pois já estão sofrendo com o que já foi destruído até agora. Pois tudo está ligado, como o sangue que une uma família.
O mundo tem que saber o que está acontecendo aqui, perceber que destruindo as florestas e povos indígenas, estarão destruindo o mundo inteiro. Por isso não queremos Belo Monte. Belo Monte representa a destruição de nosso povo.
Para encerrar, dizemos que estamos prontos, fortes, duros para lutar, e lembramos de um pedaço de uma carta que um parente indígena americano falou para o presidente deles muito tempo atrás: " Só quando o homem branco destruir a floresta, matar todos os peixes, matar todos os animais e acabar com todos os rios, é que vão perceber que ninguém come dinheiro " .
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